Acervo Histórico

Acervo Histórico - (English version here)

Biblioteca temática
• Autores Judeus no Rio de Janeiro
Desde a realização da exposição Autores Judeus no Rio de Janeiro, na Biblioteca Nacional,e da inauguração da biblioteca do Museu Judaico, em 1999, temos ampliado nossa coleção, que inclui mais de 600 títulos de ficção, memórias, religião, folclore, medicina, filosofia, direito, ética e literatura infantil.
Diversos e pluralistas, os Autores Judeus representados têm em comum a ancestralidade, a vivência judaica e o fato de terem residido ou residirem na cidade. A biblioteca é constantemente enriquecida por novas obras. Assim, em 2004 recebemos, por exemplo, a versão revista e ampliada de "Morte no Paraíso", biografia de Stefan Zweig pelo consagrado jornalista e ensaísta Alberto Dines; "A raiz quadrada e outras histórias", ficção mais recente do escritor e roteirista Ronaldo Wrobel, com seus inesquecíveis personagens que transitam entre lembranças européias e delírios tropicais; e "Mameloshn -- memória em carne viva", relato autobiográfico da psicanalista Halina Grynberg, que chegou ao Rio na infância, sobre sua família dilacerada pelo Holocausto, o exílio e a loucura.

• Holocausto
Mais de 300 títulos sobre o Holocausto podem ser consultados no Museu. Eles fazem parte do Centro de Estudos sobre o tema, que expõe ainda, em caráter permanente, roupas e objetos alusivos.

• Revistas, boletins e folhetos de entidades judaicas do Estado do Rio, importante fonte de pesquisa para o registro da história da comunidade judaica brasileira, também se encontram no Museu.

Objetos
Alguns dos objetos em exposição são:
• Hanukiot - A coleção de 69 hanukiot é um exemplo de arte para fins religiosos e da diversidade das influências recebidas pelo povo judeu. São réplicas perfeitas, que retratam quer a ornamentação típica da Europa Ocidental, quer a singeleza quase folclórica das peças da Europa Oriental, quer o gosto marroquino por pássaros e flores. A primeira hanukiá de que se tem notícia, do século XIII e originária da Sicília, está representada: em homenagem aos doze portais do Templo, apresenta doze portas acima da base.

Também merecem destaque, entre outros:
• Torá (em hebraico, rolo da lei)
• Estojo para livro de reza em prata, século XVIII, Itália.
• Placas de Shadai - O Shadai (em hebraico, um dos nomes de Deus) é considerado até hoje um talismã contra maus espíritos, sendo colocado nos quartos dos recém-nascidos.
• Roupas e objetos relativos ao Holocausto - uniforme de campo de concentração; estrela de Davi que os judeus europeus foram obrigados a usar durante o regime nazista.   
• Ponteiro (yad, em hebraico). "Mão de prata", objeto usado na sinagoga pela pessoa que tem o privilégio de ser chamada a ler um trecho do Pentateuco
• Meguilá, ou livro de Ester, lido por ocasião dos festejos de Purim, narrando a vitória dos judeus sobre o inimigo Haman, que queria eliminá-los do reino persa, e sua salvação graças à intervenção de Ester junto ao rei Ahashverus.

Videoteca
Mais de mil filmes com assuntos ligados ao povo judeu, desde históricos a documentários recentes sobre Israel e musicais de Hollywood. Os filmes estão em várias línguas, entre elas idish, espanhol, inglês, alemão, francês, italiano, hebraico, árabe, turco, russo, polonês, japonês e ladino -- em sua maioria com legendas em português. Raridades como o único filme judaico rodado durante a existência da União Soviética e um filme de 1898 sobre Jerusalém. O Museu promove sessões regulares de filmes em nossa sede e os empresta à escolas.

Em 2003 foi criado o Ciclo de Cinema Idish, com a exibição de filmes a que o público raramente teria oportunidade de assistir em outros locais. Em 2004, foram apresentados, entre outros, "The Past & The Hope: Bund", uma retrospectiva do Bund (Partido Socialista Judaico) feita em seu centenário, em 1986, e "A Wedding in Shtetl", musical da Broadway a respeito de um casamento tradicional realizado a contragosto da noiva.

Documentos
Obras raras. As seguintes obras raras podem ser visualizadas através do site da Biblioteca Digital do Museu Judaico: O Machsor Lipsiae, composto de 68 facsimiles de um Machsor da Idade Média cujo original está de posse da Biblioteca da Universidade de Leipzig; Duas Hagadot de Pessach do século passado também ilustradas com diversas iluminuras; Dois exemplares de uma mesma edição ilustrada e muito antiga do Cântico dos Cânticos – Shir Hashirim do Rei Salomão – sendo uma em hebraico e a outra em língua inglesa; Dois Tomos de Literatura Espanhola, o primeiro com os escritores Rabinos espanhóis desde a Idade Média até o século XVIII, e o segundo com os escritores gentios e católicos do mesmo período – ambas as obras originais de 1781. Para consultar ver: http://www.docpro.com.br/museujudaico/bibliotecadigital.html

Entre outros documentos, passaportes de imigrantes, cartas pessoais, atas de clubes e instituições.

Fitas
Depoimentos de imigrantes judeus que chegaram ao Rio na primeira metade do século XX.  

Coleções

• José Feldman
• Egon e Frieda Wolff
(in memoriam)
• Werner Nehab

• Arqueológica

• Fritz e Regine Feigl

• Salo Brand

José Feldman
Conjunto de 69 hanukiot doado pelo casal Yvone e Leon Herzog. Todas as peças foram produzidas por José Feldman, que nasceu na Rússia em 1899 e viveu no Rio de 1925 até sua morte em 1978. Feldman foi fotógrafo, garimpeiro, antiquário e artesão. Com o objetivo de que cada lar judaico tivesse uma hanukiá (candelabro de oito braços, usado por ocasião de Hanuká), passou a reproduzir hanukiot de origens variadas, representativas da diversidade/unidade do povo judeu.

• Egon e Frieda Wolff (in memoriam)
São 44 livros, publicados entre 1975 e 1996, além de dois textos autobiográficos de Frieda Wolff, e fotografias. É uma obra original, minuciosa e indispensável à história da imigração judaica no Brasil. O último livro, Remexendo nosso arquivo, de 2004, termina com um "apelo fervoroso", que também é o do Museu Judaico:

"Por favor, não joguem nada no lixo que possa servir como documento para a memória de acontecimentos, da história, nas nossas comunidades! Lembrem que o Museu Judaico do Rio de Janeiro e o Arquivo Histórico Judaico Brasileiro em São Paulo (e suas seções em Manaus, Belém, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Rio de Janeiro e Porto Alegre) estão prontos para receber e guardar todo este "papel velho" para o resgate da memória das comunidades israelitas do Brasil."

Os 44 livros do casal foram baseados em pesquisas feitas em fontes básicas (muitas jamais pesquisadas antes) por Egon e Frieda, que durante mais de dez anos, a partir do final da década de 1960, percorreram arquivos brasileiros e estrangeiros em busca de documentos e dados relativos à presença de judeus em território brasileiro desde o período colonial.

Egon (1910-1981) e Frieda Wolff (1911-) desembarcaram no porto de Santos em 12 de fevereiro de 1936, recém-casados e fugitivos do nazismo. Ambos egressos da Universidade de Berlim, instalaram-se em São Paulo, onde trabalharam no comércio e prosperaram no ramo ótico. Mais tarde, mudaram-se para o Rio, onde prosseguiram no mesmo ramo e participaram de atividades comunitárias, com Egon tendo sido presidente do Hospital Israelita. Na década de 1960, "a curiosidade sobre a imigração de judeus para o Brasil e a
falta de respostas satisfatórias" (palavras de dona Frieda) levaram o casal a deixar as outras atividades e mergulhar na pesquisa. Incansáveis viajantes, começaram pela Biblioteca Nacional, continuaram no Arquivo Nacional e percorreram cemitérios, judaicos ou não, espalhados por todo o país, anotando nomes, datas e genealogias. Fizeram centenas de entrevistas, compararam milhares de páginas. Foi assim que descobriram preciosidades como as lápides judaicas de Vassouras, que passaram a ser monumento histórico do século passado e hoje fazem parte do circuito turístico da cidade.

A qualidade do trabalho dos Wolff levou o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro a convidá-los a se associar à entidade, embora ambos modestamente se considerassem "amadores". Entre seus livros, incluem-se comunicados de grande valor histórico (a exemplo de "Quantos judeus estiveram no Brasil
holandês?") e sete dicionários biográficos.

• Werner Nehab
Nascido em Berlim, naturalizado brasileiro e ex-professor da Escola Nacional de Música, no Rio de Janeiro, o sr. Werner Nehab dooou ao Museu todo o seu abrangente arquivo. A coleção inclui correspondência entre ele e amigos na Europa, durante quatro décadas, artigos de jornais e revistas brasileiros e estrangeiros, documentos sobre nazismo, fascismo, anti-semitismo e integralismo.

• Arqueológica
Peças arqueológicas que pertenceram ao general israelense Moshé Dayan, todas consideradas de grande valor por expertise, foram doadas pela família de Stela Diana Vorona e Jone Tob Azulay. As peças são: moeda romana; vasos em cerâmicae terracota; objetos em vidro; espada em bronze do Período dos Patriarcas, entre 2000 e 1500 a.C., originária das Colinas da Judéia; adagas e pontas delança de Canaã, entre 1800 e 1500 a.C.

• Fritz e Regine Feigl
Fotos, documentos e medalhas. O engenheiro químico Fritz Feigl nasceu em Viena e serviu ao Exército austro-húngaro na Primeira Guerra Mundial. Chegou
ao Brasil em dezembro de 1940 e passou a investigar meios de aproveitar o café não exportado por causa da Segunda Guerra. Desenvolveu então um método
para extrair cafeína do café. Sua esposa, Regine Feigl, encarregou-se de montar uma fábrica no estado de São Paulo e durante três anos o casal vendeu
toda a produção para a Coca-Cola, fazendo fortuna. Importantes empreendimentos imobiliários foram erguidos pelo casal, inclusive o Edifício Avenida Central, no Rio.

Foi professor honoris causa em universidades de vários países. Fundador e primeiro presidente da Federação das Sociedades Israelitas do Rio de Janeiro
(atualmente Federação Israelita do Estado do Rio de Janeiro), doou o imóvel que abrigou sua primeira sede, na Rua México 90, atual sede do Museu Judaico. Morreu no Rio em 1971.

• Salo Brand
Fotos, textos e documentos de Salo Brand, judeu brasileiro que exerceu vários cargos públicos importantes no Estado do Rio. Nascido em 1908 em Cascadura, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro, filho de um comerciante, formou-se em Engenharia em 1930. Trabalhou como secretário de Oswaldo Aranha na Câmara até 1937, quando o Congresso foi fechado. Foi prefeito de Itaguaí, Magé e Campos. Em 1950, tornou-se deputado federal, reeleito em 1958. Também foi Secretário de Viação e Obras Públicas e Secretário de Finanças do Estado do Rio e Secretário de Finanças.

Entre os cargos que ocupou na comunidade judaica, foi presidente do Clube Hebraica. Faleceu em 25 de fevereiro de 1996.

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